As Tradições Natalícias pelo Mundo
Um dos efeitos negativos da modernização e da globalização é o facto de cada vez mais países perderem a sua identidade cultural ao adotar a cultura moderna ocidental.
Em que país ainda podemos ver as pessoas vestidas com os seus trajes tradicionais? Só vemos t-shirts e calças de ganga por todo o lado. Que cultura ainda utiliza unicamente os seus utensílios tradicionais e ecológicos? Mesmo nas casas mais pobres dos países menos desenvolvidos, encontramos objetos de plástico sem interesse. A quantidade de sítios no mundo onde as pessoas ainda constroem casas de acordo com as práticas ancestrais locais está a diminuir. E não ficamos por aqui.
Nesse sentido, é muito bom saber que apesar da globalização, ainda existe diversidade nas celebrações tradicionais de Natal em todo o mundo.
É certo que encontramos decorações de Natal ao estilo americano e fabricadas na China em vários locais. E encontramos também tradições que, na verdade, são convenções dos tempos modernos, sem qualquer história ou simbolismo. É o caso da celebração de Natal japonesa, que consiste em comer no restaurante KFC. (O resultado de uma campanha de marketing bastante eficaz da cadeia alimentar nos anos 70.)
E existem tradições de Natal que, na verdade, não passam de rumores espalhados na Internet, como o mito dos noruegueses esconderem as vassouras (ou, pelo contrário, as deixam na rua) devido às bruxas que passam na véspera de Natal.

Além disso, é possível verificar que muitas pessoas mantêm as tradições de Natal verdadeiramente locais em vários países.
Por exemplo, apesar da presença comum das árvores de Natal, existem países que têm uma forma diferente de trazer o espírito natalício para dentro de casa.
Em Espanha, Portugal, Itália e nos países da América Latina, a decoração escolhida é o presépio. Pode ser bastante pequeno e simples, apenas com pequenas imagens da Virgem Maria, de São José e do Menino Jesus num berço. Ou pode ser grande e complexo, com anjos, pastores, animais, os reis magos, pessoas de Belém e assim por diante, numa paisagem campestre elaborada.
E mesmo que nas últimas décadas a maioria das pessoas nesses países tenham adotado a árvore de Natal, ainda é comum construirem o presépio tradicional ao lado da mesma.
Outra diferença nas celebrações de Natal entre países, e mesmo em regiões diferentes do mesmo país, é a data para oferecer presentes, assim como a identidade de quem as oferece.
Em certos locais na Itália, por exemplo, é a Santa Lúcia que traz os doces e os brinquedos às crianças na noite do dia 12 de dezembro.

Nos Países Baixos, e nas antigas colónias neerlandesas como Aruba, o São Nicolau (Sinterklaas) visita as crianças bem comportadas e recompensa-as com presentes na noite de São Nicolau, na véspera do dia 5 de dezembro. Na Bélgica, no Luxemburgo e na zona norte de França, o Pai Natal aparece no dia seguinte, Dia de São Nicolau. O Sinterklaas é ajudado por Zwarte Piet, uma personagem com a cara pintada de preto vestida com um traje mourisco, que carrega consigo uma vassoura para bater nas crianças mal comportadas. Em países alpinos, uma personagem com aspeto diabólico chamada Krampus é responsável por acompanhar o santo e punir as crianças mal comportadas.
Em Espanha e em alguns países que em tempos foram colónias espanholas, como as Filipinas, são os Três Reis Magos que levam as prendas às crianças, e fazem-no na festa Epifania do Senhor, a 6 de janeiro, que é o chamado Día de los Reyes Magos (Dia dos Reis Magos).
Em Portugal, é o próprio Menino Jesus que traz as prendas na véspera de Natal.
Estas são apenas algumas das várias tradições associadas à celebração do nascimento de Jesus Cristo em todo o mundo. E, enquanto uns pensam que o crescimento do cristianismo foi um movimento da globalização, que levou a uma espécie de união cultural em países cristãos, outros admitem que essa união ainda deixa bastante espaço para a diversidade.
Enquanto for possível aos países e regiões manterem as suas próprias tradições, este mundo será um lugar mais rico. É por isso que é importante encontrarmos o equilíbrio certo entre a globalização e a preservação das nossas culturas locais.